Desde os anos oitenta que viajo ao exterior, e desde então fui para mais de 50 países – as primeiras viagens aos EUA foram uma aventura e tanto. Meu irmão e eu iniciamos a viajar através de voos charter – à época poucas companhias aéreas voavam entre o Brasil e os EUA, e os voo charter eram mais baratos. Mesmo assim, custavam um pouco caro – mas nada absurdo. Com o passar dos anos, começamos a viajar só com a Pan Am (sim, sou velho) de forma a juntar milhagem e ganhar com isso bônus para viajar de graça ou subir de classe.
Bom, escrevo isso porque à época viajar para o exterior não era tão comum quanto hoje – e assim mesmo muita gente acha agora que terá que vender sua alma para pagar uma passagem. E nem custa tanto – uma passagem entre São Paulo e o Nordeste pode custar mais caro que ir para Miami. Hotéis têm promoções fora de temporadas, alguns preços mais baixos que hotéis no Brasil.
“Ah…mas não falo outra língua…” isso não é absolutamente desculpa hoje em dia. Principalmente se for para Miami, por exemplo – lá o espanhol é amplamente usado (mais que o inglês em alguns lugares), e muitos aprenderam o português pela quantidade de brasileiros que viajam para lá. Tenho um conhecido que viajou mundo afora e não fala uma frase em inglês, sequer “the book in on the table”! Aliás, nunca consegui usar essa frase em minhas viagens, acho que algum dia vou colocar um livro na mesa da casa de um amigo só para poder dizer isso… Eu mesmo viajei para a Coréia do Sul e fiquei quinze dias lá, e ninguém falava NADA de inglês – e me virei bem. Não precisa ser um desbravador, ainda mais com o tradutor do celular. E você sempre pode “sorrir em outras línguas”, ajuda bastante!
Há muitos anos um amigo e a esposa nos disseram que iriam juntar dinheiro para poder viajar e visitar o filho que morava em Paris. Perguntamos o motivo de ainda não terem ido – nos responderam que “sairia muito caro e seria complicado…”. Depois que explicamos que não era um bicho de sete cabeças, e que eles estavam perdendo tempo valioso para poder estar com seu filho, acabaram viajando. E repetiram a dose diversas vezes.
A maioria das pessoas ainda pensa que uma viagem internacional é algo fora de seu poder aquisitivo, e sequer cogitam em fazer uma “loucura” dessas. Se soubessem o quanto poderiam aproveitar (em idade “aproveitável”, porque aos 90 anos não poderão curtir muito) deixariam de lado esse medo e meteriam as caras dentro de um avião. Vai custar “caro”? Claro que mais que uma passagem de ônibus entre estados brasileiros, mas como disse, fora de temporada o preço cai bastante… Só para ter uma ideia, uma passagem São Paulo – Milão fora de temporada pode custar só 800 dólares. Ok, ok… tem o custo de estadia e comida, mas se planejar bem não sairá um absurdo. E se você ficar na sua casa também tem o custo da comida, não tem?
Se você precisa de um empurrão, pense o quanto você trabalha a vida toda, e se não merece ter uma pequena aventura de vez em quando. (a menos que você não trabalhe, aí eu sugiro começar a trabalhar, é muito legal também!)
O gosto de poder experimentar sensações novas, comer comida diferente, ouvir outras línguas além do português é algo indescritível para quem nunca viajou. Coisas banais como entrar em um supermercado pode ser uma aventura, até hoje quando viajo para algum país que nunca estive, é uma de minhas diversões preferidas, algumas vezes melhor que pontos turísticos – sempre encontro algum doce muito bom!