O ex-presidente Donald Trump foi indiciado pelo promotor especial federal Jack Smith em quatro crimes relacionados à sua tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020. A acusação é parte de uma investigação federal sobre os esforços do ex-presidente de permanecer no poder mesmo depois de perder as eleições para Joe Biden. O procurador apresentou as acusações na Corte Federal, em Washington D.C., na terça-feira (1).
O indiciamento acusa Trump de três conspirações: fraudar os Estados Unidos, obstruir procedimentos oficiais do governo, e impedir um direito civil da população garantido por lei ou pela Constituição. A quarta acusação também é de obstruir um procedimento oficial.
“Cada uma dessas conspirações – criadas sobre falsidades disseminadas pelo acusado através de mentiras persuasivas e desestabilizadoras sobre fraude eleitoral – visavam minar uma pedra fundamental do governo federal dos Estados Unidos: o processo nacional de coletar, contar e certificar os resultados de uma eleição presidencial”- diz um trecho do indiciamento.
Em nota, Trump negou as acusações: “Por que esperaram dois anos e meio para fazerem essas falsas acusações, bem no meio da campanha vitoriosa do presidente Trump em 2024?”. O ex-presidente chamou o indiciamento de “interferência nas eleições”. E comparou o governo Biden à Alemanha nazista.
Trump enfrenta agora dois indiciamentos federais diferentes. Em junho, ele foi acusado de manter em seu poder documentos secretos sensíveis para a segurança nacional e impedir que o governo os recuperasse. O julgamento desse caso está marcado para maio do ano que vem. Além disso, o ex-presidente ainda enfrenta a acusação de ter pagado pelo silêncio de uma atriz pornô, Stormy Daniels, às vésperas da eleição de 2016.
Se declarado culpado, Trump pode pegar até cinco anos de prisão em duas das acusações. Já a acusação de tentativa de corromper um procedimento oficial e conspirar para cometer esse crime é a mais grave, e pode render até 20 anos de cadeia.
Mesmo que Trump seja condenado, isso não será impedimento para concorrer à presidência. Segundo a Constituição, não é preciso ter ficha criminal limpa para ser presidente. Se eleito presidente e o caso ainda estiver em aberto, Trump poderia simplesmente usar o seu poder como presidente e forçar o Departamento de Justiça para encerrar o caso. Se ele for condenado antes das eleições, a estratégia será apelar das sentenças e evitar ser preso até uma suposta segunda posse na presidência.
Outras seis pessoas, cujos nomes não foram divulgados pela promotoria, foram acusadas de serem cúmplices de Trump na conspiração.
