Raul Rodriguez , um ex- agente de imigração que atuava na fronteira entre Estados Unidos e México, disse que nunca esquecerá o momento em que descobriu que sua vida foi construída sobre uma mentira. Durante mais de uma década, ele atuou para deportar dos EUA centenas de imigrantes indocumentados. Até que em 2018, aos 54 anos, descobriu que era um deles. Rodriguez, na verdade, nasceu no México, e seu pai falsificou uma certidão de nascimento americana para que ele não fosse expulso do país. “Esse dia nunca vai sair da minha mente. … É uma sensação terrível ”, disse ele à CNN, referindo-se ao momento em que investigadores federais recuperaram sua certidão original mexicana. Por conta de uma depressão, ele se negou a falar sobre o assunto, e só agora decidiu quebrar o silêncio sobre sua luta para não ser devolvido ao seu país origem.
Antes de ser contratado pelo Customs and Border Protection (CBP), o ex-agente serviu à Marinha dos EUA e trabalhou no departamento de naturalização do U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS). Sua verdadeira nacionalidade somente veio à tona quando ele se dispôs a patrocinar um visto para um parente, e os oficiais verificaram seu histórico e descobriram o documento forjado.
Rodriguez contou que seu pai confirmou a farsa e ele foi demitido do CBP por não ter autorização para trabalhar nos EUA. De acordo com ele, seus amigos e ex-colegas o rejeitaram e as autoridades de imigração começaram a trabalhar para removê-lo do país. Em 2020 ele recebeu uma ordem de deportação.
O agora imigrante indocumentado contratou advogados para permanecer nos EUA, argumentando que seu trabalho anterior para as agências de imigração poderiam torná-lo um alvo dos violentos cartéis de drogas do México, ou criminosos que atuam ao sul da fronteira americana. Além disso, ressaltou que tinha ficha militar limpa e sua esposa é cidadã estadunidense.
Em novembro do ano passado, um juiz concedeu a Rodriguez um ‘cancellation of removal’, documentos que suspende um pedido de deportação e dá ao indivíduo a chance de se tornar um residente legal. Todos os anos, apenas 4.000 casos como este são processados pelas autporidades, o que colocou Rodriguez em uma extensa lista de espera.
A CNN reportou que enquanto aguarda por um Green Card, ele passa o tempo atuando como voluntário da organização Repatriate our Patriots, que ajuda a repatriar pessoas que serviram às forças armadas americanas sem permissão para estar no país, e foram deportadas. De acordo com a CNN, Rodriguez acha irônico o fato de que ganhava a vida deportando pessoas, e agora está “tentando trazê-las de volta”. “Embora ainda acredite que as leis de imigração devam ser obedecidas, Rodriguez agora entende que mesmo os migrantes que tentam seguir as regras ao pé da letra enfrentam grandes barreiras no processo de legalização”, escreveu a CNN.