Durante a semana que passou vários jornais americanos relataram o caso de Araras, interior de Goiás, que tem a maior indicidência da doença genética xeroderma pigmentosum, ou “XP”, já conhecida no Brasil.
A doença rara é hereditária e provoca tumores na face. As pessoas diagnosticadas com a doença são extremamente sensíveis aos raios ultravioletas do sol e altamente suscetíveis ao câncer de pele. A condição faz com que os pacientes não consigam se recuperar dos danos causados pelo sol na pele.
Além dos danos à pele e do câncer, cerca de um em cada cinco pacientes com XP também pode sofrer de surdez, músculos espásticos (que se contraem), má coordenação ou atrasos de desenvolvimento.
Em Araras, mais de 20 dos cerca de 800 habitantes têm XP. Essa taxa de incidência — aproximadamente uma em cada 40 pessoas — é muito superior, por exemplo, à taxa norte-americana (uma em cada um milhão). Para especialistas, essa alta incidência é explicada pelo fato de a cidade ter sido fundada por algumas famílias portadoras da doença, o que fez com que ela passasse de geração para geração.
Na família do ex-lavrador Djalma Antonio Jardim, de 38 anos, tanto o pai quanto a mãe eram portadores do gene defeituoso que causa a doença.
Djalma tinha apenas nove anos quando um grande número de sardas e pequenos caroços começaram a aparecer em seu rosto. De acordo com os especialistas, estes são os primeiros sinais da doença, e o paciente precisa se proteger do sol imediatamente.
Tal precaução não foi tomada por Djalma, que agora usa um chapéu de palha para proteger o rosto dos raios solares, mesmo que tenha pouca eficácia. Ele foi submetido a mais de 50 cirurgias para remover tumores de pele. E, em um esforço para camuflar a forma como a doença devora a pele dos seus lábios, nariz, bochechas e olhos, Djalma usa uma máscara rudimentar.