Histórico

2014, o ano da esperança

Antonio Tozzi

O ano de 2014 chega cercado de esperança. Aliás, isto sempre ocorre sempre que um ano está para começar, não é mesmo? Afinal, como diz o ditado, de ilusão também se vive. E o próximo ano segue a tradição dos demais.

O que desanima mesmo é que depois do espoucar dos fogos e do borbulhar do champagne vermos as cenas corriqueiras de encostas soterrando casas e pessoas por causa das fortes chuvas do verão e cidades alagadas. E ouvir dos governantes de plantão, seja lá de que partidos forem, que “estamos tomando providências e no próximo ano não teremos mais estas cenas lamentáveis”.

A infraestrutura ou pior, a falta dela, é o calcanhar de Aquiles para a realização da Copa do Mundo no Brasil nos meses de junho e julho. Com grandes distâncias a serem percorridas entre as 12 sedes do torneio, a dependência dos aeroportos é vital. Apesar das reformas que estão sendo feitas, pouca gente acredita que tudo funcionará às mil maravilhas com o acúmulo de voos. E provavelmente haverá cancelamento de voos, sobretudo os que vão para o Sul do Brasil, por causa do mau tempo e do nevoeiro que muitas vezes impede pousos e decolagens.

Viajar de ônibus também não deve ser fácil com as estações rodoviárias superlotadas e de carro é preciso enfrentar estradas em péssimas condições, com exceção das estradas de São Paulo que apresentam padrão de Primeiro Mundo. Também com os pedágios escorchantes que cobram é o mínimo a se fazer.

2014 é um ano chave para os brasileiros. No meio do ano, todos vestem verde-amarelo para torcer pela Seleção Brasileira que tem como objetivo redimir 1950 quando o Brasil foi derrotado em casa pela seleção uruguaia em pleno Maracanã. O “Maracanazo”, como ficou conhecido, foi proporcionado pela atuação soberba do capitão Obdulio Varela e pelos gols de Schiaffino e Gighia, que garantiram a segunda Copa do Mundo para o Uruguai.

Opa, eu disse que todos vão torcer pela Seleção Brasileira? Pode ser que não. Os chamados blackblocks vão querer ser protagonistas num momento em que o mundo todo está de olhos postos no Brasil. Portanto, são grandes as chances de revivermos o clima de combate nas ruas, verificado em meados deste ano, só que desta vez o objetivo é prejudicar a realização da Copa do Mundo no Brasil.

Particularmente, acho uma bobagem a relação entre o evento Copa do Mundo e a precariedade de serviços públicos brasileiros. Tornou-se um mantra dizer que se gasta tanto com estádios enquanto o Brasil não tem hospitais, presídios, escolas, etc. Em primeiro lugar, são duas coisas distintas. A Copa do Mundo, apesar de seu apelo universal, é um evento privado, controlado pela Fifa, a entidade maior do futebol mundial. Em segundo lugar, arrisco-me a dizer que, se o Brasil não tivesse a Copa do Mundo, estaríamos sem ela e ainda continuaríamos sem hospitais, presídios, escolas, etc. Uma coisa nada tem a ver com a outra.

Depois do apito final da partida decisiva a ser diputada no Maracanã, no Rio de Janeiro (espera-se com a presença da Seleção Brasileira), o Brasil entra no clima eleitoral para valer. Digo para valer porque o partido que está no poder já se encontra em campanha há muito tempo. Seja distribuindo bolsas-família, seja cooptando adversários com liberação de verbas e com cargos no governo ou seja atacando a mídia que ousa denunciar as falcatruas verificadas. Apesar de tudo, deve vencer as eleições por causa de uma oposição anêmica que somente faz críticas pontuais, mas é incapaz de apresentar um plano de governo que possa fazer os eleitores trocar a situação por algo novo e entusiasmante.

Aqui nos Estados Unidos, a torcida é para que o país finalmente consiga superar esta fase de voo de galinha e volte a crescer de verdade, sem a ajuda do governo. E que os políticos aprendam que oposição não significa uma crítica sistemática a quem está no poder.
Claro que é importante ter vozes dissonantes, mas desde que apresentem alternativas palpáveis e não venham com teses que já se revelaram fracassadas no passado. O Tea Party, por exemplo, clama pelo fim dos impostos. Evidentemente ninguém gosta de pagar impostos, mas fica impossível gerir a máquina pública somente com a iniciativa privada. Segredos deixariam de se segredos, como confirmam as denúncias de Eric Snowden, um contratado terceirizado que expôs os EUA à execração mundial.

Espera-se também que 2014 seja o ano da aprovação da tão sonhada reforma imigratória. Os 11 milhões de indocumentados merecem sair das sombras e mostrar como eles contribuem para a sociedade americana. E, em consequência disto, o governo deverá arrecadar uma verba incalculável que pode ajudá-lo neste momento de déficit orçamentário.

Com todos os percalços, precisamos acreditar sempre, porque só vence aquele que luta. Aproveitamos a oportunidade para desejar a todos anunciantes, leitores e amigos do AcheiUSA um 2014 cheio de realizações e que todos seus sonhos se concretizem!

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