Famílias brasileiras reclamam que conselho tutelar da Noruega usa métodos arbitrários para guarda de crianças
Vitória e Sofia, que estavam na embaixada por 20 dias, voltaram ao Recife
Da Redação com UOL – A pernambucana Vitória Alves Jesumary, de 37 anos, voltou ao Brasil no dia 18 de dezembro, depois de passar 20 dias refugiada na embaixada brasileira em Oslo, Noruega,. na tentativa de evitar que o serviço de proteção à criança entregasse sua filha, Sofia, de 3 anos, para adoção. O caso tomou conta da midia europeia porque aparentemente outras famílias, inclusive brasileiras, já perderam a guarda dos filhos. Todos acusavam o serviço norueguês – chamado Barnevernet – de arbitrariedade é corrupção.
O embaixador brasileiro em Oslo, Flávio Helmold Macieira, confirmou que há registro de casos pregressos, “igualmente lamentáveis, envolvendo guarda de menores com nacionalidade brasileira”. “Mas inexistem meios legais de influenciar as decisões de autoridades judiciais deste ou de qualquer outro país. Cada caso apresenta características próprias”, explicou Macieira.
Vitória e o ex-marido brigavam na justiça pela guarda da filha. Como alegação para tirar a filha da brasileira e entregar para uma família norueguesa, o governo afirmou que a disputa não estaria fazendo bem psicologicamente à menina. A pernambucana conseguiu que o ex-marido desistisse da disputa, mas o governo insitiu e enviou uma equipe de representantes para buscar a menina. Sem outra opção, Vitória foi para a embaixada brasileira onde ficou até que conseguisse autorização para voltar ao Recife.
“Nunca mais vou sair daqui. Vivi um inferno naquele lugar”, disse Vitória ao chegar ao Recife.
Outros casos
Poucos dias depois do ato desesperado de Vitória, outra brasileira, a curitibana Daiana Alves Lopes, de 21 anos, perdeu a guarda do segundo filho, Mateus, de cinco meses. O serviço norueguês de proteção à criança alegou que temia a fuga de Daiana e do filho para o Brasil, durante o processo de divórcio. Em 2011, Daiane passou pelo mesmo drama poucos meses após chegar ao país, quando o serviço social recolheu sua primeira filha, Beatriz, hoje com dois anos. Ela só pode ver a filha seis vezes ao ano.
Vivendo há 11 anos no país nórdico, a cearense Solange Monteiro, 31, começou a ter problemas com o Barnevernet também após seu divórcio, há cinco anos. Solange teve seus três filhos entregues a famílias locais e agora aguarda julgamento previsto para janeiro de 2014.
No início do mês, cerca de 20 brasileiras com cartazes protestaram contra o Barnevernet. O ato, organizado pelo CCBN (Conselho de Cidadãos Brasileiros na Noruega), se concentrou em frente à embaixada brasileira e seguiu pelas ruas de Oslo até o Stortinget, o parlamento do país. Elas criticavam a política do órgão de retirar os filhos das famílias biológicas e levá-los a famílias norueguesas adotivas, além da situação da brasileira Vitória.