Empresários chegam a desembolsar $35 milhões numa mansão em Miami
Ana Paula Franco
Não é novidade para ninguém que com o valor de um imóvel em um bairro de classe média em grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, é possível comprar um apartamento maior, mais confortável e com vista para o mar no sul da Flórida. Por esse motivo, é cada vez maior o número de brasileiros que buscam não só um imóvel fora do Brasil para passar as férias, eles buscam luxo e exclusividade.
A corretora brasileira Sonia Guerreiro, da Centercon Realty, trabalha com esse grupo de brasileiros que já deixou de ser restrito e está desembolsando entre $700 mil e $1,2 milhão por um apartamento em Miami, nas regiões de South Beach, Sunny Isles, Aventura e Downtown Miami. “Os brasileiros procuram edifícios novos e gostam de comprar apartamentos na planta que ficarão prontos em dois ou três anos. Nos Estados Unidos a segurança econômica é maior, a garantia de entrega no prazo também”, afirma.
Sonia também trabalha com um grupo de endinheirados que não se importa com o valor e sim com a exclusividade do imóvel, com a localização privilegiada e em terem a melhor vista. “Esse grupo bem mais restrito de brasileiros, que pede anonimato, não aceita nada menos que a exclusividade. Esses chegam a desembolsar até $35 milhões numa mansão”.
A brasileira Lucia Helena Silva Cerri não comprou uma mansão de milhões de dólares, mas está feliz da vida com a aquisição de um imóvel de 160 metros quadrados na Brickell em Downtown Miami em outubro passado. Ela vendeu sua empresa no Brasil há dois anos e decidiu comprar um apartamento na cidade americana que a encantou. “Desde que fui pela primeira vez a Miami com meu marido e dois filhos fiquei apaixonada pela cidade. Segurança, alto astral, povo bonito, muito sol, ótimos restaurantes e qualidade de vida maravilhosa”, descreve.
O apartamento está alugado até meados de 2014. Lucia Helena escolheu a região da Brickell por ser muito parecida com a Avenida Paulista em São Paulo e por estar a poucos minutos da praia. “Pensamos em um futuro breve ficarmos nos dividindo entre São Paulo e Miami, pois em apenas 8 horas de voo podemos chegar na terrinha do Tio Sam e desfrutar de tudo o que ela nos oferece”, disse.
Números
A venda de imóveis para brasileiros está tão em alta que os escritórios imobiliários estão firmando acordos com corretoras no Brasil, contratando pessoas que falam português e adequando o espaço para melhor atender esse público. “Os escritórios oferecem serviços de arquiteto, pessoal de construção e advogados para melhor atender o público brasileiro”.
Essa dedicação ao Brasil não é à toa. Reportagem recente da Folha de S. Paulo mostra que nos EUA, Miami é a principal porta de entrada. Segundo pesquisa da NAR (associação nacional de corretores, na sigla em inglês), os brasileiros foram os estrangeiros que mais adquiriram imóveis na cidade em 2012, atrás de argentinos e venezuelanos.
Como as economias desses países são consideradas instáveis, argentinos e venezuelanos de alta renda buscam mercados que sejam “portos seguros” para seu dinheiro”.
Para efeito de comparação, de 2007 – quando os preços nos Estados Unidos começaram a cair – a outubro de 2013, o valor do metro quadrado dos lançamentos na capital paulista subiu 156%, para R$ 8.200, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). No mercado americano, apesar da recuperação desde 2011, os preços estão, na média, abaixo do nível no período pré-crise, de acordo com a FHFA (Agência Federal de Financiamento Imobiliário, na sigla em inglês).
A comparação com os preços praticados no exterior, no entanto, deve ser feita de forma cuidadosa. Não basta saber se o imóvel é novo ou usado, mas também estado de conservação, detalhes do bairro, forma de pagamento e documentação exigida.
A variação cambial também deve ser levada em conta, principalmente se a compra for financiada. Por isso, informar-se sobre as perspectivas para moedas como dólar e euro ajuda no planejamento financeiro.
