Tatiana (sobrenome omitido a pedido da leitora) chegou com o marido e os dois filhos a Governador Valadares (MG) no dia 11 de agosto, depois de serem deportados dos Estados Unidos em um voo fretado pelo governo até o Aeroporto de Confins.
Na bagagem, a família chegou com alguns poucos pertences e uma grande frustração por ter o sonho americano interrompido. Mas além de terem sido deportados, Tatiana afirma que teve pertences de “inestimado valor sentimental” extraviados.
“Quando chegamos ao aeroporto, devolveram alguns poucos pertences, mas faltaram nossas alianças de casamento, cordão de ouro, um anel de ouro que ganhei de presente aos 15 anos, um anel e brincos da minha filha, quatro escapulários e alguns outros objetos de menor valor”, disse em entrevista ao AcheiUSA. “Eu tinha esperança de que eles me devolvessem, mas não acredito que isso vá acontecer. Eu chorei de tristeza por ter sido deportada e por ter perdido esses objetos de grande valor para a nossa família”.
O AcheiUSA entrou em contato com o Customs and Border Protection (CBP) sobre o caso da família brasileira. Eles responderam com a seguinte nota: “Como prática padrão, os agentes da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos seguem a cartilha de Padrões Nacionais de Transporte, Escolta, Detenção e Busca do CBP. Essas normas estabelecem que ‘todos os bens pessoais dos detidos descobertos durante a apreensão ou processamento e não considerados contrabando serão salvaguardados’”.
O CBP afirma que “orienta seus oficiais para que tenham cuidado especial ao manusear itens religiosos, sentimentais, legais ou valiosos de propriedade pessoal. Os procedimentos do CBP permitem, no entanto, que seus agentes descartem itens que representem um risco claro para a saúde ou segurança”.
O CBP reitera, ainda, que as pessoas deportadas entrem em contato com o consulado para que, em nome deles, tentem reaver esses objetos de valor.
A travessia
Tatiana é técnica em enfermagem, o marido é trabalhador autônomo e eles tinham o sonho de ir para os Estados Unidos para “dar um futuro melhor para os filhos, com escolas melhores e mais estrutura que o Brasil”.
Ela afirma que eles decidiram contratar uma pessoa, que os orientou como seria feita a travessia. A família viajou para Cancun, no México, e foi de avião até Juarez para chegar até a fronteira dos EUA, onde se entregaram aos agentes. “Nós não gastamos muito dinheiro, pois deixamos tudo no Brasil do mesmo jeito, não vendemos nada e só pagaríamos pela travessia depois de conseguirmos nos estabelecer”.
A família ficou presa por alguns dias com outras dezenas de brasileiros e, no dia 9 de agosto, foram levados para Yuma, Arizona, de onde partiu o avião no dia seguinte. “Fomos, tentamos, não deu certo. Graças a Deus tínhamos nossa casa e pudemos retomar nossas vidas em Minas. Se eu soubesse o que iríamos passar, eu jamais teria ido, mas fica a lição”.
No voo para Confins, havia mais de 300 brasileiros. Somente nos primeiros seis meses deste ano, 2.221 foram mandadas de volta ao Brasil em aviões fretados, de acordo do U.S Customs and Border Protection (CBP). O número já supera o do ano passado inteiro, quando 2.122 brasileiros foram expulsos dos Estados Unidos.