Filibuster exigia a aprovação de 60 senadores para o projeto de lei ser levado à votação no plenário
Harry Reid
DA REDAÇÃO COM NBC NEWS – O Senado votou para alterar uma das mais controversas regras da Casa, invocando a chamada ‘opção nuclear’ para indicações de nomes para cargos executivos e juízes que não sejam da Suprema Corte.
Cinquenta e dois democratas votara a favor da medida, uma mudança sem precedente anteriormente ameaçada mas nunca invocada até esta quinta-feira (21). Três democratas — senadores Carl Levin do Michigan, Joe Manchin de West Virginia e Mark Pryor do Arkansas — votaram com os republicanos contra a mudança.
Enquanto o líder da maioria no Senado Harry Reid, D-Nev., chama os recentes filibusters feitos pelos republicanos como “uma tendência de problemas”, o líder da minoria no Senado Mitch McConnell, R-Ken., disparou de volta, dizendo que eles aprenderam a usar este instrumento ao ver os democratas recorrer aos filibusters durante o período de George W. Bush à frente do governo.
A votação extingue uma regra existente que exigia a maioria de 60 votos para a aprovação dos indicados presidenciais. Agora, uma maioria simples será exigida para um cargo no executivo federal ou para os juízes que não sejam os da Suprema Corte.
Falando depois da votação, o presidente Barack Obama disse apoiar a ação do Senado.
“A votação, creio, é uma indicação de que a maioria dos senadores acredita que já chegou o momento de dizer basta”, comentou Obama. “Os assuntos do povo americano são muito importantes para ficarem enredados dia após dia na política de Washington.”
Os líderes democratas disseram que a opção ‘nuclear’ era a única maneira de quebrar as obstruções dos indicados. Os republicanos têm deixado furiosos os democratas ao bloquear uma série de indicações de juízes feitas por Obama, dizendo que o presidente estava injustamente tentando encher as cortes da nação com juízes que seguirão sua agenda.
“É hora de mudar”, disse Harry Reid para quase todos os membros que estavam sentados em suas cadeiras. “É hora de mudar o Senado antes desta instituição se tornar obsoleta.”
“As regras antiquadas do Senado estão sendo usada para nos paralisar”, afirmou o senador Chuck Schumer, D-NY. “O público está pedindo – está implorando – para agirmos.”
Republicanos prometem retaliações
Os republicanos criticaram acidamente a mudança como ‘perigosa’ e ‘desesperada’.
“É um dia triste para a história do Senado”, protestou Mitch McConnell, chamando a ação democrata de “tomada de poder”.
O GOP também ridicularizou a votação como uma tentativa de distrair a população americana para as falhas no lançamento da lei do sistema de saúde apoiado por Obama.
O limite superior havia tornado-se a norma, mesmo para as nomeações mais corriqueiras nos últimos anos, quando a minoria tinha sido autorizada a criar mais obstáculos aos candidatos. A tática fez dos filibusters dos candidatos presidenciais – mesmo raros – apenas uma forma de bloquear suas nomeações.
“O Senado é um órgão vivo, e para sobreviver deve mudar, como tem sido sempre na história deste grande país”, exaltou Reid.
Os republicanos alertaram anteas da votação que o GOP vai fazer retaliações quando voltar a ser maioria no Senado.
“Alguns de nós está aqui há muito tempo para saber que algumas vezes o sapato está em outro pé”, disse McConnell antes da votação, dizendo aos democratas: “Vocês podem arrepender-se mais cedo do que imaginam”.
A ameaça “opção nuclear” parece familiar para a maioria dos americanos; crises similares sacudiram o Senado quatro vezes nos últimos três anos. Mas, todas as vezes, o procedimento conseguia ser desativado na undécima hora pelas negociações bipartidárias.
O vice-presidente Joe Biden, que esteve no Senado por mais de 30 anos, disse aos repórteres antes da votação que apoiava a mudança. Mas Biden não estava no Capitólio, ele fez os comentários durante uma visita a um restaurante de comida rápida em Washington DC.