Primeira Igreja Batista Brasileira da Flórida tem planos de construir um orfanato e um centro esportivo
Joselina Reis
PIBFlorida tem participação ativa na recuperação do Haiti
Os planos são grandiosos assim como a vontade de ajudar. A comunidade brasileira participante da Primeira Igreja Batista da Flórida (PIB) não está medindo esforços e deve concretizar em 2014 dois grandes projetos que há oito anos estão sendo viabilizados com ajuda de doações. Os participantes querem construir um centro de ajuda as crianças desabrigadas no Haiti e um centro esportivo para indígenas no Amazonas.
Tudo começou quando o pastor Silair de Almeida visitou o pais vizinho a convite de um amigo. A miséria das famílias comoveu o líder religioso que levou a ideia aos membros da igreja. “Vimos que ajudar uma família só não mudaria muita coisa. Aí começamos um trabalho de investimento na capacitação de pastores”, lembra ele que desde então treina 250 líderes religiosos desde assuntos como administração da igreja até postura de gestor comunitário. Além disso a PIB doa mensalmente $10 para cada pastor haitiano para despesas pessoais e cestas básicas. Ao ano são $30 mil investidos nesses pastores.
A ajuda não para aí, anualmente a PIB leva toneladas de alimentos, roupas e ajuda mensalmente dois orfanatos beneficiando 43 crianças.
No entanto, estão nos planos da igreja construir seu próprio abrigo para menores, onde casas serão construídas e casais servirão de pais adotivos para grupos de até 10 filhos adotivos. O valor da obra está estimado em $100 mil, sendo que $45 mil já serão empregados ainda em 2013 na compra da área.
O abrigo que vai se chamar Casa Lar deve abrigar 120 crianças em 20 casas quando estiver finalizado. Além das casas onde as crianças vão morar no estilo família, diferente de viver em um orfanato, o local vai abrigar refeitório, praça, escola, biblioteca e praça pública. A direção também deve ser de brasileiros. “Nosso sonho é levar duas famílias de brasileiros para comandar o projeto depois de concluído”, afirma.
Em um país onde a corrupção tomou conta da administração pública, não existe indústria, e a educação e saúde são quase inexistentes, toda e qualquer ajuda, lembra Silair, é pouco. “Nós não temos planos de sair do Haiti, nem mesmo depois de concluído esse projeto”.
“Enquanto as coisas não melhorarem por lá, em segurança, educação e saúde nós vamos continuar com nosso trabalho”, adianta.
O Haiti tem sido assolado por terremotos de grandes proporções, destruindo o pouco de estrutura que existe no local. Em janeiro de 2010 um terremoto matou entre 100 mil a 200 mil pessoas.
Para o Amazonas os planos também não são pequenos. Um centro poliesportivo será construído em área indígena brasileira na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. O início da obra está previsto para janeiro de 2014, também com recursos da comunidade brasileira da Flórida. A ideia é tentar diminuir o índice de suicídio entre os adolescentes. Pelos costumes das tribos, algumas ainda muito hostis, os adolescentes que não provem ser guerreiros não conseguem a aceitação do grupo e acabam se matando.
Outra prática comum é o assassinato de meninas ou de crianças fracas.”Aos poucos estamos tentando mostrar a nossa ideologia cristã. Não implantamos nossa igreja lá, temos índios que aceitaram a missão cristã, mas não esperamos a mudança deles. Aceitamos sua cultura, dança, música, mas ensinamos que não podemos aceitar essa matança. Tentamos conversar com eles”, conta o pastor que acredita na igreja genuinamente indígena e cristã.
No dia 4 de novembro, uma missão de brasileiros segue para o Amazonas, para a distribuição anual de presentes de Natal. Pelo menos duas mil crianças indígenas recebem seu único presente do ano das mãos dos voluntários da PIB.
Silair conta que a comunidade brasileira tem mostrado grande interesse em colaborar e que para 2014 já estão planejadas 18 missões religiosas, todas feitas com doações e voluntários. “As pessoas gostam de ajudar o próximo, e aqui na PIB nós fazemos do social nossa missão”, explica. E esse trabalho tem sido visto pela sociedade, a PIB já ganhou sete prêmios Press Award pelo seu trabalho social e em 23 anos de existência passou de 5 membros para quase dois mil.
O trabalho da PIB não se limita ao Haiti e Amazonas. A igreja oferece aconselhamento cristão, empréstimo de carro para brasileiros em necessidade e é responsável pela maior distribuição de alimentos do sul da Flórida. “Nós entendemos que o ser humano é feito de corpo, alma e espírito. Não adianta só ir a igreja se o corpo e a alma não estão alimentados. Por isso, nosso social toca tão fundo nossos membros”, resume o líder.