Golpistas estão se aproveitando do sofrimento de famílias de imigrantes desaparecidos na fronteira para extorquir dinheiro. Os criminosos veem posts nas redes sociais sobre pessoas que sumiram durante a perigosa travessia e fingem serem os sequestradores. Eles chegam a criar falsas provas de vida para tirar dinheiro das famílias desesperadas.
Segundo informações obtidas pelo canal NBC News, Rocio Palate postou na internet o desaparecimento de seu irmão José Luis Palate, que havia feito o último contato antes de tentar atravessar o deserto até chegar aos EUA. Ela colocou o telefone de contato e, a partir daí, não teve mais sossego. Bandidos começaram a ameaçá-la pelo Facebook e WhatsApp dizendo que matariam seu irmão caso ela não mandasse dinheiro. Mas eles nunca tiveram contato com seu irmão.
O canal de notícias Telemundo falou com diversas vítimas do golpe. A grande maioria é da América Central. Eles disseram que os golpistas enchem as famílias de esperança e chegam a apresentar falsas provas de que eles estão vivos. “Nós temos seu parente”, dizem os impostores, que chegam a fazer montagens com o rosto dos desaparecidos.
Diversas páginas no Facebook reúnem parentes de desaparecidos na fronteira e essas mensagens são acompanhadas de fotos e telefones de contato. As autoridades alertam para as pessoas evitarem colocar telefones para não caírem em golpes. “Desconfie de mensagens que são apagadas em seguida ou de fotos que parecem montagem. Esses criminosos se aproveitam da fragilidade das famílias para ganhar dinheiro, assim como fazem os coiotes”, afirma o agente Oscar Carrillo do Customs and Border Protection.
Mortes na fronteira
Infelizmente, segundo o Border Patrol, a maioria das pessoas desaparecidas não volta para casa porque perdem a vida no caminho. Pelo menos 650 pessoas morreram tentando atravessar a fronteira dos Estados Unidos com o México em 2021, maior número desde 2014 quando a International Organization for Migration começou a contar os óbitos.
A diretora da organização, Michele Klein Solomon, disse que os números são alarmantes. “O alto número de mortes de imigrantes é assustador. É uma situação muito triste”.
A agência não especificou as razões das mortes, mas destacou o quanto a travessia é perigosa. O número de imigrantes tentando atravessar é o maior em décadas e isso contribui para o aumento das estatísticas.
Números do US Customs and Border Protection (CBP) mostram que grande parte das mortes é relacionada à exposição ao calor do deserto. Muitos são abandonados em áreas remotas durante a travessia. O CBP registrou 557 mortes no ano fiscal de 2021, em 2020 foram 254 mortes 300 pessoas perderam a vida na travessia em 2019.