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Sem comida, pais entregam filhos para adoção na Venezuela

Grave crise econômica leva ao desespero famílias de venezuelanos que não têm mais como sustentar suas crianças

Centenas de crianças foram abandonadas em todo o país por causa da crise econômica
Centenas de crianças foram abandonadas em todo o país por causa da crise econômica

DA REDAÇÃO – A situação econômica na Venezuela chegou a tal ponto que os pais estão entregando seus filhos para adoção para que não passem fome.  Alguns pais não podem mais sustentar a família e estão fazendo e estão abandonando os filhos. “As pessoas não conseguem mais comida. Estão abandonando os filhos, não porque não os amam, mas exatamente porque os amam”, disse uma assistente social. As informações são do The Washington Post.

Não há estatísticas oficiais sobre o número de crianças abandonadas por razões econômicas. Mas entrevistas de funcionários da Fundana e de nove outras organizações indicam que são centenas de casos em todo o país. A Fundana recebeu 144 solicitações em 2017, um aumento em relação aos 24 de 2016 – a maioria dos pedidos está relacionada a dificuldades econômicas.

“Não sabia mais o que fazer”, disse Angélica Pérez, de 32 anos, mãe de três crianças. Recentemente, ela apareceu na instituição com o filho de 3 anos e as duas filhas, de 5 e 14 anos. Ela havia perdido o emprego de costureira e o filho mais novo pegou uma grave doença de pele, em dezembro, mas o hospital não tinha remédio. Então, ela gastou todo o dinheiro que tinha para comprar pomada.

Angélica planejava deixar as crianças no centro, sabendo que ali seriam alimentadas – e ela poderia trabalhar na Colômbia. Esperava um dia tê-las de volta. Normalmente, as crianças podem ficar no centro por seis meses a um ano, mas, depois, são colocadas sob a guarda de uma família ou para adoção. “Você não sabe o que é ver um filho com fome, não tem ideia. Eu me sinto responsável, como se tivesse falhado com eles. Mas tentei de tudo. Não há trabalho e eles estão ficando cada vez mais fracos.”

O número de mulheres grávidas dando os filhos para adoção também vem crescendo. José Gregorio Hernández, dono de uma agência de adoção, a Proadopcion, disse que, em 2017, sua organização recebeu entre 10 e 15 pedidos por mês de mulheres grávidas oferecendo bebês. A organização teve de recusar muitos pedidos. Aceitou 50 crianças em 2017, em comparação com as 30 de 2016.

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