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Para turista brasileiro moda agora é só olhar vitrine

Gastos de brasileiros com viagens no exterior desaceleraram em fevereiro; efeitos do real enfraquecido são perceptíveis em New York

Para turista brasileiro moda agora é só olhar vitrine

DA REDAÇÃO (com Bloomberg e UOL) – Os gastos dos brasileiros com viagens no exterior desaceleraram em fevereiro, caindo para $1,477 bilhão, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central do Brasil na terça-feira (24). Foi o menor nível de gastos mensais desde fevereiro de 2011, quando os brasileiros gastaram $1,33 bilhão em viagens ao exterior. O valor foi menor do que o registrado em janeiro deste ano ($2,207 bilhões) e também na comparação com fevereiro do ano passado ($1,916 bilhão).

Os efeitos da desvalorização da moeda brasileira são facilmente perceptíveis nas ruas de New York. Ao sair da famosa loja de equipamentos de áudio e vídeo B&H, em Manhattan, no fim de semana passado, a turista Tábata Bandez disse que estava acompanhando com nervosismo a queda do real pelo telefone e que desistiu dos planos de comprar um computador para levar para o Rio de Janeiro.

Alguns dias antes, a família Gaião tirava muitas fotos em frente ao Rockefeller Center, mas comprava pouco. Na Apple Store da Quinta Avenida, Cláudia Tavares decidiu consertar o iPhone do enteado, ao invés de obter o modelo mais novo. “Dessa vez precisa fazer a conversão e ver se vale a pena”, disse Tavares, 51, que mora em Santos, enquanto esperava na fila.

No dia seguinte à chegada para uma estadia de 10 dias, ela e uma amiga, que estão se hospedando com as filhas em um flat, pois os hotéis eram caros demais, foram à Target para comprar alimentos e algumas “tranqueiras”. Essa era uma das poucas compras que elas planejavam fazer, disse ela.

A farra turística do Brasil, que durou dez anos, está acabando. Mesmo antes de o real ter caído outros 15% em relação ao dólar neste ano – parte de uma desvalorização de 36% em dois anos que levou a moeda ao seu menor valor em 12 anos na semana passada -, os brasileiros já estavam diminuindo os gastos em viagens ao exterior.

Dólar forte
Os brasileiros, é claro, não são os únicos estrangeiros a descobrir que, de repente, têm menos poder aquisitivo nos EUA.

O dólar está disparando em relação à maioria das moedas do mundo, como resultado do plano do federal reserve, banco central norte-americano, para começar a aumentar as taxas de juros neste ano. A coroa dinamarquesa, o euro, a coroa sueca e o dólar canadense perderam mais de 7% frente à moeda americana. Mas a queda do real se destaca.

Viagem paga
É possível que mais quedas estejam por vir. O Goldman Sachs Group Inc. prevê que o real poderia cair outros 10% nos próximos 12 meses e o Standard Chartered Bank diz que a moeda poderia despencar outros 15% até o fim do ano enquanto a presidente Dilma Rousseff está lutando para sustentar a cambaleante economia e ganhar de volta a confiança dos investidores nas finanças de seu governo, ao mesmo tempo em que tenta acalmar os protestos que eclodiram nas ruas devido a um escândalo de corrupção cada vez mais abrangente.

A velocidade em que o real despencou pegou de surpresa alguns turistas. Tavares comprou dólares a R$ 3,10 poucos dias depois de sua amiga, Maria Ester de Barros, ter pago R$ 2,99. O real, que chegou até a R$ 3,31 por dólar na sexta-feira, estava cerca de 15 por cento mais forte quando elas reservaram as passagens de avião. “A viagem estava paga, então viemos”, disse Barros. “Mas não para comprar”.

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