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Japão precisa de mais trabalhadores brasileiros especializados

Diego Utiyama investiu no idioma e se especializou na área de TI

Foto: ARQUIVO PESSOAL
Diego Utiyama investiu no idioma e se especializou na área de TI

Depois de uma ampla reforma na economia que tirou o Japão de duas décadas de deflação e de uma recessão profunda, agora o foco do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe é ajudar as empresas a garantir mão de obra para poder crescer. A escassez de trabalhadores é, segundo economistas, um dos grandes problemas que o Japão enfrenta hoje e que impede a rápida recuperação da terceira maior economia do mundo.

“O Japão é um dos países onde é mais difícil encontrar profissionais bilíngues. Para cada dez vagas existem apenas três profissionais, em média”, conta o brasileiro Diego Utiyama, 27, que trabalha para uma empresa de recrutamento na capital japonesa.

“A demanda é grande, por isso muitas empresas chegam a pagar até 40 mil dólares a uma empresa de recrutamento caso ela encontre um bom profissional”, afirma Utiyama, que cuida de contas de empresas na área de tecnologia da informação (TI).

Os estrangeiros têm aproveitado esta lacuna no mercado de trabalho japonês para conseguir empregos estáveis e muito bem remunerados. O próprio Diego é um dos que deixou um trabalho não-qualificado em fábricas para ingressar no mercado especializado.

“Infelizmente, a maioria dos brasileiros que está no Japão tem grande potencial mas não sai da zona de conforto e não almeja um trabalho qualificado. Por isso, não aprende o idioma e não faz cursos de qualificação”, lamenta.

Cerca de 180 mil brasileiros vivem hoje no Japão, grande parte trabalhando em linhas de montagem. Em 2007, antes da crise econômica, este número chegou a quase 320 mil. A grande maioria voltou ao Brasil nos anos 2008/2009 e após o terremoto de março de 2011.

O rápido envelhecimento da população e a baixa taxa de natalidade são pontos-chave em discussão hoje no Japão, que busca soluções para manter o ritmo de crescimento do país. Entre as principais críticas ao governo estão a falta de uma política migratória e leis trabalhistas mais flexíveis.

Enquanto a solução não aparece, a falta de trabalhadores, qualificados ou não, tem obrigado muitas empresas a repensar os planos de expansão. Alguns setores já falam até em crise, pois não vêm outra saída além da restrição nas operações e do aumento de salários.
Companhias aéreas, empresas varejistas e rede de restaurantes são algumas das áreas que sofrem com a escassez de trabalhadores. Em alguns casos extremos, as empresas são obrigadas a fechar lojas por não conseguir preencher as vagas.

Um relatório do governo japonês sobre a área de aviação divulgado recentemente mostrou que algumas companhias aéreas de baixo custo, como Jetstar Japan e Vanilla Air, foram obrigadas a cancelar centenas de voos neste verão.

Pela mesma razão, a Peach Aviation, uma joint venture da All Nippon Airwais (ANA), uma das maiores empresas aéreas japonesas, disse no mês passado que avalia o cancelamento de mais de 2 mil voos este ano – um corte de 16% no total planejado para 2014. “Não há pilotos suficientes e, para treiná-los, gasta-se tempo e dinheiro”, justificou o porta-voz da companhia, Hironori Sakagami.

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