Histórico

Brasileira vive o sonho de lecionar em faculdade do Utah

Paulista dá aulas de língua portuguesa na Brigham Young University

Verônica Destro

Foto: Arquivo pessoal
Vanessa Fitzgibbon

DA REDAÇÃO – A professora de português Vanessa Fitzgibbon provou que obstáculos e desafios podem ser superados pela paixão pelo que se faz e com uma atitude positiva na vida. Conhecida pela sua dedicação ao trabalho, a paulista de São José dos Campos hoje é uma respeitada professora e autora de livros didáticos para a cadeira de Português da BYU, no estado americano de Utah.

Quando criança, no Brasil, Vanessa recortava fotografias dos “lugares mais lindos do mundo” que via nas revistas. A revista era em inglês e ninguém na casa sabia de onde tinha vindo a publicação.

Anos depois, missionários mórmons lhe contaram que a revista era a “New Era”, e que havia sido dada à família por outros missionários, há muito tempo. Os missionários eram da Brigham Young University.

Vanessa juntou-se à igreja mórmon dos missionários e mudou-se com a família de Santo André (SP) para São José dos Campos quando ainda era adolescente. Seu projeto inicial era cursar arquitetura ou outra atividade relacionada, mas decepcionou-se ao saber que a universidade local não oferecia o curso. Vanessa acabou então cursando Português, sua segunda opção de carreira.

“Estudei Literatura, Gramática, História, Linguística e muito mais. Diferente daqui, onde estudamos dois anos de conhecimentos gerais e dois sobre o assunto de formação específico, no Brasil estudamos os quatro anos somente sobre o assunto.”

Depois da formatura e de um casamento, o então marido de Vanessa, formado pela BYU, sugeriu que a família emigrasse para os Estados Unidos para escapar dos problemas econômicos porque passava o Brasil na época.

Vanessa chegou em 1992 ao Utah, e dois anos depois começou um mestrado em Literatura Luso-Brasileira pela BYU. Depois de divorciar-se em 2001, ela mudou-se para o Wisconsin com os filhos e obteve o doutorado em Literatura Luso-Brasileira pela University of Wisconsin-Madison. Ficou no estado até 2006, quando voltou ao Utah para lecionar na BYU.

Apesar de realizar o seu maior sonho, educar quatro filhos sozinha num país e cultura diferentes foi um desafio.

“É muito difícil ficar longe da família,” diz Vanessa. “Acho que esse é o maior desafio, porque aqui a cultura é diferente, mais individualista.”
Apesar dos desafios, lecionar na BYU acabou tornando-se uma das suas maiores paixões.

“É um privilégio lecionar na BYU, porque aqui há uma grande preocupação com o bem estar dos alunos. Como professores, devemos encorajar os alunos a servirem de bom exemplo para todos.”

Seu colega de cátedra, Rex Nielson, destaca o trabalho de Vanessa.

“Ela tem um enorme conhecimento da cultura brasileira, sua história, política e literatura, e cultiva uma relação muito próxima com os alunos,” disse Nielson. “Isso é que a torna diferente, especialmente no lidar com os alunos.”

Os alunos reconhecem a genuína atenção que Vanessa dedica a eles. Erik Pinho, calouro estudante de Química, disse que ela realmente cuida deles.

“Eu percebo que ela quer mesmo que a gente aprenda, mais do que tirar boas notas,” disse Pinho. “E ela faz questão de fazer a gente aprender também sobre a cultura, mesmo nas aulas de gramática.

Nielson diz que o foco de Vanessa no ensino da cultura ajuda aos alunos entenderem melhor os brasileiros.
“Ela tem uma grande paixão por ensinar e gosta de passar aos alunos mais sobre a cultura que eles aprenderam a amar através do seu trabalho como missionários,” disse.

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